Hoje decidir falar de um musical da Broadway, que mais tarde migrou dos palcos para as telas de cinema.
RENT!em bom português ALUGUEL!

Aí você deve pensar que é um musical que acontece no Jambalaia, com o elenco do Sai de Baixo! Todos eles devem aluguel a síndica. Uma coisa meio Seu Barriga do Chaves... Com a diferença que todos cantam!

Não, nada a ver!

A história de Rent, acontece no final dos anos 80 em Nova York, onde estava rolando revoluções de novos ideais e também a disseminação do vírus HIV. No meio desse cenário de caos, surge oito personagens principais que representam, cada um com sua peculiaridade, os esteriótipos dos problemas enfrentados pelo nova iorquinos e que claramente reflete em todo mundo globalizado. Todos os personagens moram num mesmo prédio, onde na noite de natal eles sofrem um corte de energia. Isso por que os diversos artistas residentes e protagonistas, estão revindicando a perda do espaço de apresentação, que foi tomado pelo mesmo dono do prédio, onde moram. Com isso todos eles fazem um mega protesto, prometendo nunca mais pagar o aluguel.

Amarrando o enredo que é contado através da vida dos personagens, a mensagem de amor é a mais ressaltada e compartilhada no filme. Seja ela na forma de amizade, ou de amor “impossível”, enfim, como for. Simplesmente amar e deixar fluir!

A cabeça genial por trás de Rent, tem nome e sobrenome; Jonathan Larson
Ele sozinho criou todas as musicas e compôs todas as letras.
E para inovar e se juntar aos movimentos de rebeldia da época, Jonathan fez tudo no estilo ópera-rock. Com muitas guitarras distorcidas, dando a intensidade e revolta que era característico na época. E claro, como se espera de um excelente musical, os arranjos criados são perfeitos para as magnificas vozes que preenchem cada verso.

Por o musical tratar de temas muito fortes como: HIV, AIDS, Homossexualismo, prostituição e vida de rock-star, foi muito dificil emplacar. Os produtores e empresários não conseguiam acreditar na potência que até então, somente Larson, o criador e sua equipe tinham a certeza que possuíam. E eles não desistiram, continuaram montando o espetáculo, convocando os artistas e seguindo em frente.

Como diz o ditado 'Quem espera, sempre alcança!'. Jonathan, em partes, foi um deles. Depois de anos de batalha, escrevendo, compondo, trabalhando noite e dia pelo o projeto RENT. O musical estreou na BROADWAY!
O autor não era portador do vírus HIV. Se inspirou para criar o musical, assistindo a luta encarada por pessoas próximas a ele, que sofriam com a doença incurável e também pela ópera La Bohème .
Mas como o destino é uma caixinha de surpresa; Jonanthan Larson morreu dias antes da estreia oficial do musical nos palcos. Era portador da síndrome de Marfan, que acabou acarretando problemas cardíacos.


Mas por que RENT é tão apreciado por muitos, mundo afora? E exageradamente por mim, claro!

Conheci o musical no final de 2005, onde eu vi uma reportagem sobre musicais que estavam em alta na Broadway e que possivelmente teria adaptação brasileira. Mas não me apaguei a partir desse momento. Foi um pouquinho depois, em Janeiro de 2006, quando uma amiga[Cla]voltou dos States viciada no filme. Assim, em termos, por que ela só sabia pedaços das músicas.
Mas juntos passamos a nos dedicar, e a conhecer mais e mais, até que em Maio daquele ano estreou nos cinemas daqui. Fomos juntos e nos viciamos nas musicas e no filme e em todo aquele mundo RENT. Foi questão de segundos.

Eu tenho uma tendência a adorar esses filmes onde a realidade apresentada é de; sexo, drogas, rock'n'roll e vida louca dos nova iorquinos (que eu facilmente consigo associar com as dos paulistas/'minha').
Enfim, me soa mais familiar com a realidade que nos cerca, ou a que me cerca. E o filme pra contrabalancear, traz o romance como enredo principal.


[associe a cor dos personagens no banner acima, com os nomes abaixo]

Cada personagem conta sua história através da música, e as suas historias vão se cruzando e e sendo apresentadas em formato de música. E por trás de cada música, uma filosofia interessante de vida, a vida dos personagens. Todos eles jovens, descobrindo a vida.

Mimi e Roger, o casal principal.

Ela é uma dançarina de casa de strip-tease, vulgo puteiro. Viciada em drogas injetáveis, acabou sendo contaminada com o vírus da aids. Ele é um rock-star, que no auge do sucesso e do vício, descobre que ele e a namorada estão contaminados pelo HIV. Ela morre, ele sobrevive com o sagrado AZT diário.

Ambos são vizinhos. Ela tem a filosofia de vida - e a que envolve toda a atmosfera do filme - ; NO DAY BUT TODAY!
Ela faz questão de viver um dia intensamente como se fosse o último, por que na realidade dela, realmente pode ser.

Ele vive se sentindo culpado com a morte da namorada e simplesmente desistiu da vida. Não consegue mais compor nada, vive numa vida apática e melancólica. Até se render a filosofia de Mimi e viver um novo amor, sem pensar no amanhã, apenas viver!

E com esse novo olhar do mundo, você começa a pensar: - Ok, não to com aids, mas realmente posso sair de cena a qualquer momento. Eu, hoje sou da religião – no day but today – [tatuado no pulso, tipo a cordinha vermelha da cabala]. Viver um dia após o outro e curtir o AGORA pra mim faz muito mais sentido.

Roger mora com Mark, que é um nerd semi-albino e cineasta. Passa o filme/peça inteira com sua câmera na mão, captando todos os momentos vividos pelos amigos. Ele e´o personagem mais carente e solitário de todos. Não tem aids, não tem problema algum, além do fato da namorada te-lo trocado por uma mulher.

Maureen, uma artista dos palcos, bissexual, em busca de sucesso e manchetes. Seu hobbye é flertar, tanto com homens quanto mulheres.
Sua namorada da vez, por quem ela trocou por Mark é Joanne. Uma advogada lésbica, mau humorada e cheia de inseguranças no relacionamento.

Angel e Tom Collins formam o casal gay do show. Angel é uma travesti percursionista e Tom é um professor com mestrado em Filosofia, é também anarquista. Ambos também foram infectados pelo HIV e são os personagens responsáveis para mostrar e contar a realidade que viviam os nova iorquinos numa época onde os remédios para tratar a doença, ainda estavam em fase de teste e nada era garantido. Durante a trajetória vão mostrando as reuniões no grupo de apoios aos aidéticos, onde juntos vão conversando e expondo o meio de enfrentar a aids.

O último personagem é o Benny, ele tem pouca influência na história. Antigamente ele morava junto com Mark e Roger, mas saiu por que casou. O seu sogro é o dono do prédio que eles costumava a morar com os amigos, e encarrega a Benny a função de colocar pra fora os amigos que não pagaram o aluguel.
No meio do caminho ele acaba tendo um flerte com Mimi, o que gera a desordem geral entre Roger e Mimi. Seguida pela separação de Maureen e Joane no dia da festa de noivado, e acabando com a morte de um dos personagens principais, vítima da aids.

Bom, com tanta desgraça, gente morrendo de aids, homossexualismo, imagino que alguns se perguntam, - Por que diabos eu veria isso? -

Eu sugiro que para aprender a enxergar o mundo além do nosso umbigo. Por que pode parecer um monte de desgraças, mas não passa da realidade, que é tao real e presente hoje em dia quanto na época.
Sem esquecer do lema, de viver a vida, um dia após o outro, mesmo com as dificuldade e barreiras que a vida vai sempre te impor. Pode não ser do jeito que é retratado no filme, pode ser que seja pior. Ou simplesmente de outra forma. É só não deixar se derrotar antes da hora, viva, viva cada segundos como se fosse o último. Viver agora, esquece de ontem e nem pensar demaseadamente no futuro.

Além do que, as músicas são ótimas e viciantes. Não tem aquele 'Q' de chatice, que já pode vir associada a musicais. Mesmo com uma vida desgraçada e acometidos por vícios e doenças, não há tempo para arrependimento pela vida desregrada escolhida pela turma. As músicas invocam esse espírito de festa, como se a vida devesse ser vivida com a maior intensidade possível.


Trailer do filme, e fica a dica pro final de semana
RENT - OS BOÊMIOS